. FIM DOS DEBATES QUINZENAI...
. VOTAR NUNCA FOI TÃO FÁCIL...
. OS DOGMAS DA FALSA MODERN...
. A INEVITÁVEL VITÓRIA DA V...
. A INEVITÁVEL VITÓRIA DA V...
. EM DEFESA DA VIDA - CONTR...
. RUI RIO FADADO PARA VENCE...
Publicada na edição do Jornal da Madeira de 21 de Novembro de 2012
1. Emigração ou mobilidade?
É inegável que nos últimos anos muitos portugueses têm deixado o País para se fixarem no estrangeiro. A opção de emigrar é explicável por uma multiplicidade de causas, que vão desde a necessidade até ao gosto pela aventura. Porém, é preciso reconhecer que a globalização criou um novo paradigma de vida, de que a mobilidade é uma característica fundamental. É assim que, num espaço integrado, como o Mercado Único Europeu, a liberdade de circulação das pessoas aparece como um direito, e não como uma fatalidade.
Por outro lado, as condições em que se opera a nova emigração não podem confundir-se com o quadro cultural, social e económico em que ocorreu a emigração que, no passado, durante décadas, fez de Portugal “um país de emigrantes”. Basta olhar para as ofertas de emprego que vêm de outros Estados-membros da União Europeia para se verificar a diferença: ao lado de empregados de restaurante, cozinheiros, mecânicos, soldadores, canalizadores, electricistas, trabalhadores agrícolas, há ofertas para médicos, professores universitários, biólogos, engenheiros, informáticos, directores e técnicos de vendas e recepcionistas. Além disso, as barreiras linguísticas estão hoje grandemente atenuadas, as acessibilidades são incomparavelmente melhores e, em muitos casos, as famílias de origem constituem um último recurso face a dificuldades económicas inesperadas. Conheço, com base em saber de experiência feito, que a separação da Pátria e dos entes queridos e a integração em novos contextos sociais têm sempre algo de dramático. Mas não faz sentido ressuscitar agora o pessimismo e o miserabilismo que caracterizaram os fluxos migratórios das décadas de 50 e 60 do século passado.
2. Televisão regional: que futuro?
A anunciada privatização da RTP coloca na ordem do dia a questão do destino dos seus centros regionais na Madeira e nos Açores. A decisão que vier a ser tomada sobre tal destino deve ter em conta todos os aspectos relevantes da questão, nomeadamente os que se prendem com a qualidade da produção desses centros até ao presente, sua contribuição para a elevação do nível de informação, educação e cultura dos povos madeirense e açoriano, defesa dos direitos e interesses das respectivas Regiões, seus custos e sua imprescindibilidade no quadro da multiplicidade de canais, nacionais e estrangeiros, a que, graças à novas tecnologias, madeirenses e açorianos têm acesso. Também estará em causa um juízo de valor sobre o modo como esses centros praticaram a isenção informativa e asseguraram o pluralismo de opinião face ao espectro político partidário regional.
Sabe-se que não há dados oficiais de audiência que nos permitam saber, com um mínimo de rigor, quantos portugueses vêem a RTP Açores e a RTP Madeira. Mas Joel Neto, jornalista do Diário de Notícias de Lisboa, natural da Ilha Terceira, admitiu que “poucos açorianos se dariam conta, no próprio dia, se Lisboa mandasse fechar a RTP Açores amanhã”. Penso que o mesmo se poderia dizer em relação à RTP Madeira. Já quanto à estrutura de pessoal desses centros e à imputação dos respectivos custos no orçamento da RTP, os números são elucidativos: a RTP Madeira emprega 134 trabalhadores, que absorvem 4,7 milhões de euros de um orçamento de 6,5 milhões; na RTP Açores, 149 funcionários custam 5,5 milhões de um orçamento de 8 milhões de euros (vide artigo de Margarida Davim e outros, publicado no Semanário Sol, edição de 21.09.12, pág. 42). Esta é a realidade com que nos confrontamos, em tempo de crise e de austeras restrições orçamentais. Não podemos, porém, ignorar a importância da televisão de proximidade num mundo globalizado, nem o trabalho meritório de todos quantos, jornalistas ou meros funcionários administrativos, serviram com honestidade, isenção e competência a RTP Madeira.
3. Os responsáveis pela crise
Quem vê as televisões, quem lê os jornais, quem ouve os partidos da oposição fica com a impressão de que os responsáveis pela crise profunda que atinge Portugal e os portugueses são o Governo da República e os partidos que o apoiam. Cá está um exemplo de como uma mentira repetida mil vezes pode transformar-se numa verdade (aparente).
Todos sabemos quem nos trouxe até aqui. A dupla Sócrates-Teixeira dos Santos, ao longo de seis anos, de 2005 a 2011, com o apoio inquestionável do PS e de uma comunicação social submissa e complacente, delapidaram os nossos dinheiros públicos, contraíram uma dívida monstruosa e deixaram o País à beira da bancarrota. E agora, os socialistas, em vez de baterem com a mão no peito e dizerem mea culpa, mea culpa, aparecem, como virgens inocentes, a acusarem o PSD, o CDS e o actual Governo de todas as malfeitorias que atingem os portugueses e arvoram-se em salvadores da Pátria. O PS e o seu líder inseguro criticam o Primeiro-Ministro e o Governo e apresentam-se como alternativa, sem, no entanto, conseguirem apresentar quaisquer medidas sérias de solução dos graves problemas que afligem os portugueses. O PS e a esquerda radical fazem o discurso de oposição ao Governo e, depois, a comunicação social, os analistas e comentadores políticos, na sua maioria, são caixa de ressonância e de amplificação desse discurso, usando uma linguagem hiperbólica e catastrofista, dando a impressão de que a coligação governamental está ferida de morte, de que o governo já não governa, de que estamos sobre um barril de pólvora, de que existe no país uma revolta generalizada, uma bomba social prestes a explodir… Para nos apercebermos da realidade, ou seja de que há uma coligação coesa, um Governo que governa, um País que suporta pacificamente a austeridade que lhe foi imposta pela dupla Sócrates-Teixeira dos Santos; que há mais de nove milhões de portugueses que não estiveram nas manifestações, que não provocaram distúrbios nem usaram de violência contra os agentes da autoridade, para nos apercebermos de tudo isso, experimentemos desligar, por uma semana, os televisores, não ouvir rádio e não ler os jornais. No silêncio e na paz, vamos encontrar um Povo que trabalha e sofre, é verdade! Mas um Povo que acredita que, com o empenhamento de todos, Portugal vai superar a crise e que melhores dias virão. No Continente, nos Açores e também na nossa querida Madeira.